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RH ainda é mal compreendido por CEOs

Executivos reconhecem importância da gestão de talentos e treinamentos, mas não enxergam resultados claros, segundo pesquisa

por Gustavo Coltri
O Estado de São Paulo – 03/08/2014
Há uma dissonância entre o que fazem os profissionais de recursos humanos e o que pensam os líderes das organizações. Uma pesquisa da consultoria Affero-Lab com 50 CEOs de grandes companhias do setor industrial do País indica que, apesar de valorizarem a importância da gestão de talentos, os executivos não mostram empolgação quando avaliam as ações de treinamento e desenvolvimento.
O levantamento é um novo recorte de outro estudo realizado em fevereiro com executivos de diversas posições. “As áreas de operações ou funcionais não reconhecem com tanta ênfase a questão de gestão de talentos e desenvolvimento de liderança. Os CEOs são mais alinhados”, diz Daniel Orlean, sócio-diretor da Affero-Lab.
Mesmo assim, ainda há um certo ruído na relação executivos e a área de RH, segundo ele. Entre os entrevistados, 56,3% não dizem estar satisfeitos nem insatisfeitos quando avaliam as ações de treinamento e desenvolvimento (T&D) promovidas, 22,9% se declaram insatisfeitos, e só 20,8% satisfeitos. No entanto, 72,9% acreditam que essas medidas sejam muito importantes, 89,6% consideram alta a relação entre gestão de talentos e produtividade e 45,8% colocam a gestão de talentos como um dos principais desafios para os negócios. “Percebemos que existe uma falta de visão integrada a respeito do que as ações de RH trazem de resultado objetivamente para as empresas. E encontramos dificuldades de os profissionais de RH mostrarem os resultados para os executivos”, diz.
Quando o assunto é a tomada de decisões, a falta de pleno entendimento entre RH e executivos permanece: 18,7% dos CEOs  não envolvem ou quase não envolvem o RH nas principais definições estratégicas – o que o especialista considera um porcentual alto demais. “Isso pode ter várias causas: uma é de que o RH não conseguiu se posicionar na empresa como estratégico; a outra é de que o CEO se sente autossuficiente.”

MAIS PRESENTE

“Existe uma falta de visão integrada a respeito do que as ações de RH trazem de resultado objetivamente para as empresas”

Daniel Orlean

 SÓCIO DIRETOR DA AFFERO-LAB

 

Solução. De acordo com especialistas em gestão de pessoas, as companhias que aproximaram a área de recursos humanos do negócio contam com o respaldo das lideranças e adotam métricas para mostrar como as ações – de treinamentos, pacotes de benefícios, planos de carreiras e ambientes de trabalho mais aconchegantes – trazem resultados. “A liderança da empresa tem de estar convencida da importância da preparação do capital humano como forma de alcançar os objetivos. Sem isso, dificilmente ele vai investir”, diz o diretor de desenvolvimento de mercado da consultoria Mercer no Brasil, Marcelo Ferrari.
Em empresas em que o RH ainda precisa dar um passo mais definitivo em direção a uma posição estratégica, a primeira medida a ser tomada, segundo ele, é persuasão do público interno. “É uma discussão aberta de sensibilização da liderança, porque mudanças na empresa terão de ocorrer (para envolver a área de recursos humanos no centro das decisões das diversas divisões das companhias).”
Nesse processo de convencimento, Ferrari diz que as equipes de RH devem fazer diagnósticos mensais do cenário do planejamento estratégico da companhia e procurar instrumentos que mostrem como o capital humano pode contribuir para atingir as metas dos executivos. “Hoje, temos métricas de recursos humanos. Elas devem ser avaliadas associadas aos resultados da organização. Se há alto porcentual de turnover (desligamentos, alta rotatividade
de pessoal) na empresa, pode ser criado um modelo de competências a partir disso e implementado ações. Um tempo depois, se esse problema diminuir, é possível estabelecer uma relação de causa e efeito.”
A presidente do Grupo Foco, Eline Kullock, também ressalta a importância dos investimentos na formação dos gestores, os responsáveis pelas gestão de talentos nas organizações. “Uma corrente é tão forte quanto forem os seus elos. Então, mesmo que se faça pesquisas internas de engajamento, treinamentos de pessoas, o trabalho se perde se o gestor for ruim. Por meio de treinamentos e de processos de coaching. a preparação individualizada dos líderes para a boa gestão das equipes e para o efetivo uso das ferramentas de RH são muito importantes, na opinião de Eline, para que os esforços de investimento no capital humano não se percam. “Por vezes, o jovem executivo é muito bem preparado na competência, mas não para gerenciar as pessoas.”
Para a diretora da consultora Hay Group, Vanessa Fernandes, a aproximação das diversas áreas de negócio em relação à área de recursos humanos também pode ajudar no posiciona mento mais estratégico. “Existem, atualmente, grandes figuras de RH que não são originalmente dessa área”, explica.
Experiência. Por duas décadas como executivo de negócios no setor farmacêutico, Miguel Monzu sentiu em vários mo mentos falta de um apoio mais efetivo dos profissionais de recursos humanos para realizar a gestão de suas equipes. Quando ele chegou ao posto de diretor de RH da AstraZeneca no Brasil, em 2009, passou a implementar medidas para dar a sua nova divisão um papel estratégico.“Queria mudar para um modelo mais participativo, que eu gostaria de ter tido quando estava do outro lado. Primeiro, definimos que modelo utilizaríamos entre os disponíveis no mercado. Depois, selecionei que profissionais da equipe poderiam exercer as funções de business partners (pessoas de RH que entendem bem do negócio e ficam junto às diferentes áreas, dando o primeiro atendimento aos gestores). E a terceira fase do projeto era vender o modelo para os clientes internos”, diz Monzu, que há um ano acumulou também a comunicação corporativa da AZ Brasil.
O montagem da nova estrutura e o processo de convencimento das outras lideranças da organização levou um ano até a implementação, em 2010. Hoje, a equipe de RH tem 11 pessoas, quatro delas atuando como business partners. “Acho que boa parte do nosso sucesso está no desenvolvimento de gestores, temos um trabalho muito forte de desenvolvimento de lideranças e também de gestão de talentos. Além disso, investimos muito em qualidade de vida”, diz. Monzu leva como orientação para seu trabalho a máxima de que pessoas qualificadas e mais felizes alcançam resultados melhores. “Se a empresa tem um resultado de vendas bom é porque os nossos resultados também são bons”, defende.

MAIS PRESENTE

        ● Conscientização.o aumento da participação da área de RH nas decisões das empresas começa, em geral, por iniciativa do líder. É importante que o alto gestor seja convencido de e o investimento em  capital humano vale a pena.

 ● Propaganda. Os processos e ações de RH como treinamentos, programas de remuneração e benefícios nem sempre tem resultados facilmente verificáveis em  toda a sua totalidade. Associar métricas de RH como resultados pode ajudar a mostrar os efeitos dos investimentos.

Preparação. Os gestores são os responsáveis Por fazer a gestão de talentos nas organizações, por isso a área de RH deve garantir que eles estejam preparados para lidar com as equipes. Oferecer programas de coaching e ensinar como os executivos devem usar as ferramentas de RH são importantes

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Papel estratégico ainda é desafio para profissionais de RH

Equipes de recursos humanos estão atreladas a processos burocráticos de pessoal, de acordo com pesquisa

Gustavo Coltri

O Estado de São Paulo – 01/06/2014 Caderno empregos – pg. 3

Ser cada vez mais estratégica para os negócios passou a ser a principal missão da área de recursos humanos nas organizações, em um cenário de crescente internacionalização das economias, fusões e aquisições. Mas uma pesquisa da consultoria Hay Group com 1.400 companhias de 80 países indica que dois terços dos profissionais da área consultados não consideram que exercem essas novas tarefas plenamente bem.
 
CEO Challenges 2013, do The Conference Board
 700 É o número de líderes de negócios de todo o mundo que indicaram na pesquisa internacional os recursos humanos como principal desafio
 30% É quanto os gestores das empresas mais admiradas do mundo se atentam mais ao capital humano do que os demais líderes, de acordo com a pesquisa Hay Group + Fortune
 2/3 É a fração de profissionais de RH que consideram falhar na tarefa de exercer um papel estratégico para os negócios nas organizações, segundo levantamento do
 
“Quando perguntamos se o RH tem de ter um papel estratégico, os líderes das organizações dizem que sim. Mas quando perguntamos se ele exerce esse papel, tanto gestores quanto profissionais da área acham que não”, diz a diretora do Hay Group, Vanessa Fernandes.
O RH, segundo ela, ainda tem uma atuação muito mais voltada para procedimentos técnicos de pessoal em grande parte das organizações. Nas mais avançadas, no entanto, duas preocupações são crescentes: inovação e pessoas. “As empresas se diferenciam pelo foco no capital humano, olham para as pessoas como algo que vai fazer a diferença para o negócio.” (Mais informações no final do artigo)
O rápido crescimento do Grupo Fleury na última década fez com que a organização adotasse, no ano passado, uma série de medidas para aumentar a capacidade de atrair e reter colaboradores. “A empresa fez mais e 25 aquisições, e nossos processos sofreram um pouco. Oitenta por cento dos nossos colaboradores têm contato direto com os clientes, e 70% dos nossos custos são com gente, o que torna nosso desafio maior ainda”, diz o diretor executivo de pessoas, estratégia, inovação e sustentabilidade da companhia, Marcelo Cardoso.
Denominado “Jornada de Transformação”, o projeto começou a ser implantado em outubro e deve durar três anos, em várias frentes. O grupo pretende anunciar no segundo semestre a criação de uma escola profissionalizante na área da saúde, em parceria com instituições parceiras, para formar trabalhadores para o mercado e para si há falta de mão de obra qualificada na área. Além disso, está implantando planos internos de desenvolvimento de carreira.
O RH está atualmente delineando as trilhas de crescimento hierárquico para os trabalhadores e começou a implantar,este ano somente com gestores, a chamada avaliação 360º – método em que o desempenho é auferido depois de pareceres dos próprios colaboradores, dos colegas deles e dos seus gestores. “Estamos à procura de pessoas que querem seguir carreira na área de saúde”, diz. O índice de desistência no Grupo Fleury é de 26% e deve cair, se as medidas tomadas surtirem o efeito esperado, para um dígito porcentual, segundo Cardoso. O maior problema para a organização está na área operacional, especialmente o call center, com índice de aproximadamente 50%. “O importante é que elas entendam para onde a empresa vai. E termos um plano de desenvolvimento pessoal para elas.”
Para a consultora empresarial Surama Jurdi, o maior desafio das equipes de recursos humanos é entender bem o cliente final da empresa, conhecer o propósito do negócio e preparar os colaboradores de acordo com essas orientações. “Quando contrato um colaborador, tenho de mostrar a missão da empresa, e ele tem de conhecer as regras com clareza, saber onde está, onde pode chegar e o que deve fazer para chegar lá.”
Para Surama, falta nas organizações brasileiras uma cultura de serviços para os colaboradores, que, em geral, não sabem exatamente o que as empresas esperam deles. “A missão da Disney, por exemplo, é deixar as pessoas felizes, e todos lá sabem disso. A pessoa da limpeza sabe que a razão para que ela faça o trabalho dela é esse: deixar os clientes felizes.” Ela acredita que a educação continuada nas empresas seja o canal pelo qual o RH deva atuar.
Líderes.
Na opinião da presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Leyla Nascimento, o preparo das lideranças é essencial, porque os colaboradores enxergam a empresa e os líderes como parte de uma coisa só. Em outros termos, grande parte dos desligamentos se dá por causa da insatisfação dos funcionários com relação às suas chefias imediatas.
COMPETÊNCIAS
Alinhamento
O RH deve entender o negócio e os fatores externos que interferem nas necessidades da organização para estabelecer um plano com práticas de capital humano.
● Aposta
O RH deve focar nas ações que podem fazer diferença para o negócio. Os processos básicos devem ser mantidos, simplificados.
● Uniformidade
Algumas empresas podem pedir diferenciações regionais, por grupo ou segmento. Se esse for o caso, as distinções devem ser pontuais, aplicadas se forem úteis.
● Estrutura integrada
O RH precisa estar integrado ao dia a dia da organização, por isso deve estar preparado para atuar nas unidades de negócio
● Pragmatismo
A execução do plano pode exigir mudanças e adaptações. Não esquecer o que é essencial facilita no gerenciamento das ações.
● Preparo
A equipe de RH não pode deixar de se qualificar. O intercâmbio com outras áreas da companhia pode facilitar a atualização

Brilhar na Vida

Há algum tempo, venho pensando em como tornar visível o potencial de uma pessoa, para ela mesma e para o mundo. O que ocorre é que muitas vezes não enxergamos o potencial que existe dentro de nós. É preciso  o olhar do outro para que possamos ver em nós as habilidades, qualidades e competências que mostramos no nosso dia a dia.
O caminho para conhecer o potencial passa necessariamente pelo autodesenvolvimento. É quando olhamos para trás e nos damos conta das etapas que cumprimos e dos desafios que enfrentamos; é quando ouvimos os feedbacks sobre nossas atitudes e nos reposicionamos no mundo. Isto nos torna mais forte e confiante para enfrentar novas situações.
Quão fortes produtivos e felizes seremos ao utilizamos nosso pleno potencial? Cônscio da sua capacidade e do seu poder de realização, aonde você poderá chegar? E qual será a repercussão ao expressar este potencial nos negócios, na organização, na comunidade e no mundo?
Este é o caminho, buscar o autoconhecimento para reforçar nossos talentos, habilidades e dons  para brilharmos na vida.
Nelson Mandela ilustrou muito bem o que estou dizendo no seu discurso de posse como presidente da África do Sul em 1994.
“Nosso maior medo, não é o de sermos inadequados.
Nosso maior medo é o de sermos poderosos, além da medida.
É nossa luz, não nossa escuridão o que mais nos apavora.
Perguntamos a nós mesmos:
Quem sou eu para ser brilhante, esplêndido, talentoso e fabuloso?
Na verdade, porque não seria?
 Você é um filho de Deus. Bancar o pequeno, não serve ao mundo.
Nada nos esclarece no sentido de nos diminuirmos, para que outras pessoas não se sintam inseguras em torno de nós.
Nascemos para tornar manifesta a glória de Deus dentro de nós
Ela não está em alguns de nós, está em todos nós.
 E quando deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente, damos a outras pessoas permissão para fazer o mesmo.
Quando nos libertamos do nosso próprio medo, nossa presença automaticamente liberta outros”.
 
Marli Pereira da Silva
Diretora da Logos Desenvolvimento Profissional
Membro do Instituto EcoSocial
Dez/2013