A sua empresa tem uma correta percepção do quanto se perde de dinheiro por conta da baixa produtividade de funcionários não engajados em suas funções? As cifras são altas. Estima-se que este custo chegue a US$ 550 bilhões nos Estados Unidos, considerando a perda causada por funcionários insatisfeitos ou infelizes no trabalho. E apenas 30% dos funcionários americanos estão plenamente comprometidos e, consequentemente, são mais produtivos no trabalho. Esta é apenas mais uma constatação das recentes mudanças na forma como empresas e colaboradores se relacionam e como estas afetam diretamente a economia.
Estudo recente da IBM também coloca o engajamento como preocupação comum entre executivos das empresas entrevistadas. O material aponta que a tecnologia pode ajudar a reverter este cenário de uma forma inovadora: tratando o funcionário como cliente fiel. Afinal nós – clientes – já estamos acostumados a ver empresas buscarem nossa fidelização com estratégias de personalização, conhecendo por meio de mapeamento de comportamento os nossos hábitos, gostos, desejos e estilos e com estas informações, se antecipando para oferecer seus produtos ou serviços de forma mais assertiva.
Esse posicionamento já é um novo padrão, e cada vez mais queremos o mesmo de nossos empregadores. Ou seja, o desafio para o RH será replicar, ou até criar,técnicas inovadoras de engajamento, como aquelas já em uso no mercado de consumo com seus próprios funcionários.
A tecnologia definitivamente entracomo base para potencializar este engajamento, por ter capacidade de trabalhar a enorme quantidade de dados gerados por cada funcionário, mesmo que de forma não estruturada. Acompanhar como cada indivíduo responde ao meio em que está inserido,como ele interage com os diversos programas da empresa, como ele recebe feedback ou se prepara com conceitos teóricos, o que ele pesquisa, gosta, e deseja em termos de carreira.
Aprimorar esse conhecimento dos seus funcionários dá mais informação sobre um espectro ainda pouco explorado entre empresas para tomada de decisões com informações de dados gerados pelo próprio empregado. Isso muda a forma de gestão de algo tradicionalmente baseado em intuição ou ferramentas pontuais para uma forma concreta, muito mais holística e baseada em insights.
Por exemplo, hoje, o processo de recrutamento para a maioria das empresas ainda é dependente de encontrar alguém que tenha perfil para uma determinada posição. Para isso,cada empresa estrutura sua dinâmica de seleção para chegar a alguns poucos candidatos no final deste funil.
Uma possível evolução inclui ampliar todo o mecanismo para que ele mostre o candidato por inteiro, considerando inclusive seus valores e preferências pessoais e como estes combinam com os valores e necessidades de cada empresa. Ou seja, isto exige um processo seletivo mais baseado na exploração, gerando diversos dados isolados que podem ser combinados com uso da tecnologia para traçar um perfil de funcionário que não só atende a vaga, porém tem grande chance de engajar com toda atividade da empresa logo de início.É uma chance para buscar futuros profissionais produtivos no momento zero.
Importante reforçar que não existe apenas uma ou outra iniciativa que irá resultar em maior engajamento da força de trabalho. Da mesma forma que não será apenas uma ou outra ação que garantirá a compra e fidelização de um cliente. O engajamento depende de um conjunto de ações estruturadas que possibilitem mais dados convertidos em informações e insights para maior entendimento sobre os colaboradores.
Conhecendo melhor seus funcionários, as empresas têm mais chances de ter as pessoas certas nas funções corretas e assim ajudá-los a traçar planos de carreira, motivá-los e, principalmente, engajá-los de forma natural. A relação entre uma empresa e um colaborador torna-se algo menos baseado em combinação de necessidades e características e muito mais uma troca na qual ambos são beneficiados.
A tecnologia já amadureceu suficientemente para lidar com essa massa de dados e transformá-los em informações inteligentes e, assim, posicionar a área de recursos humanos como facilitadora de funcionários satisfeitos e engajados, como clientes leais e felizes.
Juliano Araujo – gerente de marketing de software para portfólio de commerce & social business da Ibm Brasil
jmaraujo@br.ibm.com
Estadão 24/04/2016 pg. 4