Lei contra fraude pode mudar realidade das empresas

Lei contra fraude pode mudar realidade das empresas

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Especialista aconselha código de ética transparente, canal de denúncia e ferramenta que detecte riscos.

Estadão 18/11/2015 – Pg. B10
O que tira seu sono? Essa foi a pergunta de Rosana Passos de Pádua, diretora financeira da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), para a plateia em sua participação na 9ª conferência anual sobre Gerenciamento Internacional de Tesouraria, Caixa e Riscos para Empresas no Brasil, da EuroFinance. O evento foi realizado em São Paulo nos dias 10 e 11 de novembro.
A questão, que pode parecer corriqueira, faz parte de uma estratégia: identificar os elementos que mais assustam os executivos de uma empresa. Este é o primeiro passo para descobrir os maiores riscos de fraudes, mas o que mais preocupou a plateia foi a frase a seguir: “Todas as áreas da empresa estão em risco”, afirmou Rosana.
Regulamentada este ano, a Lei Anticorrupção (Lei 12.846/13) nasceu depois dos protestos de rua de 2013. Ela pune até promessas para agentes públicos e pode comprometer a saúde financeira de grandes empresas – as multas estipuladas variam de 0,1% a 20% do faturamento da companhia no ano anterior. Além disso, a empresa vai parar em lista negra, o que pode inibir, por exemplo, empréstimos de bancos privados. Um dos atenuantes da lei, de acordo com Rosana, é demonstrar que a corporação tem programas anticorrupção bem estruturados. Treinar os funcionários para identificar e enfrentar situações de corrupção e fazer uso de canais de denúncia, via 0800, são elementos que podem provar que a companhia de fato faz uso de ferramentas antifraude. “É fundamental que as empresas tenham um código de ética claro e oferecido a todos os colaboradores – e que a área de compliance faça análise de risco e tenha planos de mitigação.”
A legislação equipara o País a legislações equivalentes no exterior, como a americana e a britânica,mas falha com as empresas públicas. “A Lei Anticorrupção não é tão severa com as estatais, não prende ninguém. Só a punição severa intimida”, diz a executiva.
FRAUDES INTERNAS: Outra questão abordada na apresentação de Rosana diz respeito a desvios dentro da empresa. “A fraude tem motivações, a primeira delas é a oportunidade”, afirmou a diretora financeira.
De acordo com ela, 10% dos colaboradores vão tentar cometer uma fraude de qualquer maneira, 20% nunca a cometeriam e 70% são suscetíveis, dependendo da situação. Segundo Rosana, há fatores que aumentam o risco de fraude. Entre eles, a pressão por resultados, medo de perder o emprego, confiança na falta de processo de controle e, portanto, na impunidade. “Por isso é importante ter um código de ética muito claro e que seja conhecido por todos os funcionários”, diz.
As maiores fraudes ocorrem na área de suprimentos e cabe às empresas mapear riscos estratégicos, financeiros, regulatórios e operacionais. “É fácil fazer a coisa certa”, afirmou a executiva. “Se há risco para a organização, não faça.”

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